SUA VISITA É DE NÚMERO:

counter free

sábado, 10 de março de 2012

67. CURRÍCULO DE ENFERMAGEM NO BRASIL E AS DIRETRIZES - NOVAS PERSPECTIVAS.

PESQUISADO E POSTADO, PELA ENFERMEIRA CAROLINA BARRETO.

REFERÊNCIA (S):

http://www.scielo.br/pdf/reben/v56n4/a09v56n4.pdf


CURRÍCULOS DE ENFERMAGEM DO BRASIL E AS DIRETRIZES - Novas perspectivas
Silvana Sidney Costa Santos*
Resumo
Este recorte bibliográfico objetivou realizar uma
retrospectiva dos currículos existentes para o
curso de graduação em enfermagem, desde a
sua primeira escola, Escola Profissional de
Enfermeiros e Enfermeiras, do Rio de Janeiro,
em 1890 até a Resolução CNE/CES 3/2001,
documento que estabelece o novo currículo de
enfermagem em nosso país. Percebi que as
mudanças de currículos foram obrigatórias e
agora observo mais participação dos
enfermeiros e mais interesse coletivo deles, que
estão engajados em formar futuros enfermeiros
mais humanistas, reflexivos e críticos.
Descritores:
educação; história da enfermagem
currículo; enfermagem;
1 Introdução
Um elemento muito importante na discussão de
questões curriculares é o fato de que as atividades curriculares,
tanto as teóricas quanto as práticas, não sejam isoladas das
lutas econômicas, políticas e ideológicas da sociedade mais
ampla. Os contextos sociais, econômicos e políticos do Brasil
e da região onde o currículo será desenvolvido necessitam ser
discutidos e considerados neste currículo, e aqui estou fazendo
referência ao Projeto Pedagógico – aquele documento
construído e vivido pelos autores envolvidos com o processo
de ensino e aprendizagem, ou seja, com o processo educativo
de uma determinada instituição.
O que se percebe também é que o currículo peca
quantitativa e qualitativamente, se apresentado mínimo e
fragmentado, não oferecendo, por meio de suas matérias a
visão do todo, do curso e do conhecimento
favorecendo a comunicação e o diálogo entre os saberes, pois
as matérias, com seus programas e conteúdos, não se integram
ou complementam, dificultando a perspectiva de conjunto e de
globalização e desfavorecendo a aprendizagem. Por conta de
problemas como estes, fica parecendo que a escola ainda não
definiu o seu importante papel no contexto histórico, social e
político. Esta conquista de
acontecer através de um processo gradativo, que ocorre de
dentro para fora, em que as possibilidades individuais e grupais
sejam colocadas à frente das circunstâncias limitadoras e
impostas; porém, é preciso também que os seres humanos
envolvidos neste processo queiram construí-la, cultivando-se,
melhorando-se e aprendendo a cada dia
O objetivo deste recorte bibliográfico foi realizar uma
retrospectiva dos currículos existentes para o curso de
graduação em enfermagem, desde a sua primeira escola,
Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, do Rio de
Janeiro, em 1890 até a Resolução CNE/CES 3/2001, documento
que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Curso de Graduação em Enfermagem no Brasil.
uno, nemidentidade da escola é possível(1).
2 Os currículos de enfermagem no Brasil: de 1890 à proposta
das diretrizes
A formação na enfermagem, no Brasil, iniciou-se com a
Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras em 1890,
pelo Decreto n.º 791, de 27 de setembro de 1890
médicos à luz do modelo francês, não tendo ainda a concepção
de enfermagem moderna, já estabelecida na Europa e Estados
Unidos e por conta disto até hoje se discuti se esta foi a primeira
escola de enfermagem do país. Atualmente é a Escola de
Enfermagem Alfredo Pinto, no Rio de Janeiro.
Com essa escola, os médicos pretendiam atender à
necessidade de formar profissionais de enfermagem no
(2), criada por
hospício
à saída das irmãs de caridade. Pretendiam ainda formar
enfermeiros e enfermeiras em escola controlada por médicos,
dando continuidade à institucionalização do poder médico como
elemento central da assistência de saúde, já garantida pela
regulamentação oficial do ensino de medicina
O currículo da Escola Profissional de Enfermeiros e
Enfermeiras, apresentado no citado Decreto n.º 791, incluía:
, referência ao Hospital Nacional de Alienados, devido(3).
[...] noções práticas de propedêutica clínica; noções
gerais de anatomia; fisiologia; higiene hospitalar;
curativos; pequena cirurgia; cuidados especiais a certas
categorias de enfermos e aplicações balneoterápicas
ou tratamento através de banhos; administração interna
e escrituração do serviço sanitário e econômico das
enfermarias
(2:26).
Em de 10 de novembro de 1922 foi criada a Escola de
Enfermeiras, pelo Departamento Nacional de Saúde Pública
(DNSP), por meio do Decreto n.º 15.799/22, passando a
funcionar em 1923, numa casa alugada, próxima ao hospital, e
* Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Faculdade de Enfermagem N.Sa. das Graças (FENSG). Universidade de Pernambuco (UPE).
Líder do Grupo Interdisciplinar de Estudo e Pesquisa sobre o Idoso (GIEPI), FENSG - UPE - CNPq.
E-mail do autor: silvanasidney@terra.com.br
Resumen
Este recorte bibliográfico tuvo como objetivo
realizar una retrospectiva de los currículos que
existían en los cursos de graduación de
enfermería desde la primera escuela, “Escola
Profesional de Enfermeros y Enfermeras de
Rio de Janeiro”, en 1890, hasta la Resolución
CNE/CES de 03/2001, cuyo texto establece el
nuevo currículo de enfermería en nuestro
País.Se nota que los cambios de currículos
fueron obligatorios e ahora se observa más
interés colectivo y más participación de los
enfermeros, quienes están comprometidos en
formar futuros enfermeros más humanistas,
reflexivos y críticos.
Descriptores:
educación; historia de enfermería
currículo; enfermería;
Título:
las directrices – nuevas perspectivas
Currículos de enfermería de Brasil y
Abstract
This bibliographic clipping is aimed at
presenting the history of current undergraduate
nursing curricula, starting with the first school
that came into existence in Brazil - “Escola de
Enfermeiros e enfermeiras do Rio de Janeiro”,
in 1890, until the Administrative Act CNE/CES,
from March/2001, a document that established
a new curriculum for nursing education in our
country. I have noticed that the changes in the
curricula were obligatory, and now I notice that
participation of nurses and a stronger
collective interest has evolved, and they seem
to be engaged in educating more humanized,
reflexive, and critical nurses for the future.
Descriptors:
nursing history
curriculum; nursing; education;
Title:
guidelines – new perspectives
Nursing curricula in Brazil and their
Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 jul/ago;56(4):361-364
362
que servia também de residência das alunas. Esse curso visava
a fornecer instrução teórica e prática, simultaneamente, com
duração de dois anos e quatro meses, tempo este que precisou
ser estendido, para ser possível ministrar as matérias
estabelecidas. Atualmente é a Escola de Enfermagem Anna
Nery, da UFRJ.
Após realizar uma visita aos Estados Unidos, em 1921 e
ter se entusiasmado com o trabalho profissional de enfermagem
daquele país, já estruturado nos padrões
Carlos Chagas, à frente do DNSP, achou oportuno adequá-lo ao
Brasil, “acreditando ser este o profissional da área de saúde
capaz de atender as necessidades urgentes de sanitarismo e
de saúde pública”
O currículo da Escola de Enfermeiras do DNSP,
estabelecido pelo Decreto n.º 16.300/23, de 31 de dezembro de
1923, era composto de uma parte geral, com dezesseis
matérias e de uma parte especializada, com oito matérias, assim
apresentadas:
nightingalianos, o Dr.(3:129).
Parte geral: princípios e métodos da arte de enfermeira;
bases históricas, éticas e sociais da arte de enfermeira;
anatomia e fisiologia; higiene individual; administração
hospitalar; terapêutica farmacológica e matéria médica;
métodos gráficos na arte de enfermeira; física e química
aplicada; patologia elementar; parasitologia e
microbiologia; cozinha e nutrição; área de enfermeira;
higiene e saúde pública; radiografia; campo de ação da
enfermeira – problemas sociais e profissionais. Parte
especializada: serviço de saúde pública; serviço
administrativo hospitalar; serviços de dispensários;
serviços de laboratórios; serviços de sala de operações;
serviço privado; serviço pediátrico
(2:65-6).
Percebe-se que nestas duas escolas são apresentados
modelos de currículos mínimos obrigatórios, que surgiram para
atender questões sociais (cuidar dos doentes mentais, substituir
as irmãs de caridades nos hospitais, manter a formação dos
enfermeiros sob jugo dos médicos) e/ou políticas (minimizar
os problemas de saúde pública, visando as necessidades
econômicas do país - funcionamento dos portos e facilitação
das exportações). Outro ponto a ser refletido diz respeito aos
modelos dos currículos estabelecidos terem seguido modelos
de outros países: primeiro da França e depois dos Estados
Unidos.
Em 5 de agosto de 1949, surgiu Lei n.º 775/49 que
uniformizou o ensino de enfermagem no Brasil, apresentando o
curso de enfermagem, com 36 meses, e o curso de auxiliar em
enfermagem, com 18 meses. Então, o Decreto n.º 27.426/49, de
14 de novembro de 1949, direcionou o currículo para a formação
do enfermeiro, distribuindo as matérias em três séries:
A
individual; anatomia e fisiologia; química biológica;
microbiologia e parasitologia; psicologia, nutrição e
dietética; história da enfermagem; saneamento; patologia
geral; enfermagem e clínica médica; enfermagem e clínica
cirúrgica; farmacologia e terapêutica; dietoterapia. A
primeira com técnica de enfermagem; higiene
segunda
enfermagem e doenças transmissíveis e tropicais;
enfermagem e tisiologia; enfermagem e doenças
dermatológicas, sifiligráficas e venéreas; enfermagem e
clínica ortopédica, fisioterápica e massagem; enfermagem
e clínica neurológica e psiquiátrica; enfermagem e
socorros de urgência; enfermagem e clínica urológica e
ginecológica; sociologia; ética. A
enfermagem e clínica otorrinolaringológica e oftalmológica;
enfermagem e clínica obstétrica e puericultura neonatal;
enfermagem e clínica pediátrica, compreendendo
dietética infantil; enfermagem de saúde pública; ética II;
serviço social. Os estágios eram realizados em: clínica
médica geral, clínica cirúrgica geral, clínica obstétrica e
neonatal, clínica pediátrica, cozinha geral e dietética,
serviços urbanos e rurais de saúde pública
, com técnicas de sala de operações;terceira, com(2:162-3).
Como este modelo seguia as orientações do currículo
guide
às alunas, o que se tornou tradição na enfermagem brasileira
até o advento da reforma universitária, ocorrida em 1972
Percebe-se ainda, neste modelo e no anterior a este,
uma formação profissional direcionada a um grupo de elite,
pois as enfermeiras eram mulheres que pertenciam às camadas
sociais mais privilegiadas. O modelo era “articulado
ideologicamente com os interesses da classe dominante, dócil
e servil aos médicos e ao Estado”
enfermagem, o que preconizada Taylor e incorporando a
prioridade do desempenho de técnicas e parcelamento do
processo de trabalho.
A partir de 1950, com o incremento das indústrias
voltadas para o complexo médico, o aumento dos laboratórios
de medicamentos e outros empreendimentos tais como
crescimento da população previdenciária; as questões de saúde
pública começam a perder a sua importância e a atenção médica
hospitalar, individualizada torna-se o foco da prestação de
serviços, forçando uma mudança na formação do enfermeiro.
É então, reformulado o currículo de enfermagem pelo Parecer
n.º 271/62, de 19 de outubro de 1962, que estabeleceu um
curso geral e duas alternativas para especialização. Para o curso
geral, o currículo era dado em três anos. As duas
especializações eram ministradas em mais um ano, cada uma,
após aqueles três anos do curso geral e assim apresentava:
americano, era obrigatório que fosse oferecida residências(4).(3:137), seguindo, no ensino de
O
enfermagem; enfermagem médica; enfermagem cirúrgica;
enfermagem psiquiátrica; enfermagem obstétrica e
ginecológica; enfermagem pediátrica; ética e história da
enfermagem; administração. As
curso geral foi formado por: fundamentos deespecializações
objetivavam formar o enfermeiro de saúde pública, que
devia cursar: higiene, saneamento, bioestatística,
epidemiologia, enfermagem de saúde pública; e formar a
enfermeira obstétrica, que cursava: gravidez, parto e
puerpério normais; gravidez, parto e puerpério
patológicos; assistência pré-natal, enfermagem
obstétrica
(2:252).
No currículo de 1962, suprimem-se as disciplinas
básicas, tais como: anatomia, fisiologia (“propondo-se englobálas
em fundamentos de enfermagem”) e as disciplinas de
cultura geral, como a sociologia (“Tal matéria não consta, como
obrigatória, no curso de medicina. Como exigi-la no de
enfermagem?”)
saúde pública.
Neste currículo verifica-se uma carga horária de 2.430
horas para o curso geral e 3.240 horas com a especialização,
obrigando a computar só 10% das horas fixadas para o curso
como estágios. Tal situação, incomodou várias educadoras de
enfermagem, na época, as quais empreenderam muitas críticas
e esforços para mudanças, que viriam a acontecer na Reforma
Universitária (Lei n. º 5.540/68), quando o modelo compacto de
matérias e disciplinas foi substituído
Na década de 70 aconteceu a Reforma Universitária. O
Parecer n.º 163/72, aprovado em 27 de janeiro de 1972, e a
Resolução n.º 4, de 25 de fevereiro do mesmo ano, confirmam
a Reforma Universitária na Enfermagem, estabelecida pelo
MEC, cujo currículo passa a compreender três partes:
(2:250) e suprime-se ainda a enfermagem de(4).
pré-profissional
morfológicas; ciências fisiológicas; patologia; ciências
do comportamento; introdução à saúde pública.
profissional comum:
enfermagem médico-cirúrgica; enfermagem maternoinfantil;
enfermagem psiquiátrica; enfermagem em
doenças transmissíveis; exercício da enfermagem;
didática aplicada à enfermagem; administração aplicada
à enfermagem. As três
médico-cirúrgica; enfermagem obstétrica; ou enfermagem
de saúde pública
, incluídas biologia; ciênciasTroncointrodução à enfermagem;habilitações: enfermagem(2:722-3).
As características diferenciadas desse modelo curricular
são a obrigatoriedade da prática desportiva e do Estudo dos
Currículos de Enfermagem do Brasil...
Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 jul/ago;56(4):361-364
363
Problemas Brasileiros (EPB), a oportunização de o aluno poder
receber a licenciatura em enfermagem e a exigência de carga
horária não inferior a um terço das partes profissionais para
estágios do curso, o que significou uma conquista para a
formação profissional
era de 2.500 horas, a ser desenvolvida em no mínimo três anos,
mais 500 horas para cada habilitação, ou 600 horas para a
licenciatura em enfermagem, esta última estabelecida pela
Portaria 13/69
Na década de 1970, eclodiram diversos movimentos
políticos e sociais, fazendo com que se passasse a repensar o
processo saúde-doença. Dentre esses movimentos inclui-se a
Conferência de Alma Ata, ocorrida em 1978, sob a direção da
OMS, tendo como meta
a considerar a saúde como resultante do desenvolvimento sócioeconômico
e político das nações e garantindo a participação
popular nas grandes discussões sobre saúde.
Na enfermagem brasileira inicia-se a introdução das
teorias de enfermagem, vindas de outros países, como uma
tentativa de construção de um corpo de conhecimentos
específicos da profissão e uma enfermeira brasileira apresenta
a Teoria das Necessidades Humanas Básicas - Wanda de
Aguiar Horta, tal teoria direcionada a sistematizar o cuidado de
enfermagem. Porém, estas teorias eram apoiadas em
“fundamentação teórica para a operacionalização do cuidado,
não levando em consideração o terreno concreto do exercício
profissional”
auxiliares e atendentes. Assim, a sistematização proposta pelas
teóricas da enfermagem, por meio do processo de enfermagem,
torna-se um
(5). A carga horária mínima desse currículo(5).Saúde para todos no ano 2000, passando(5:110), formado não só por enfermeiros, mas por
[...] instrumento muito mais de exercício de acadêmicopedagógico
que metodologia operacional de práticas
concretas de assistência, na formação das enfermeiras,
reforçando o distanciamento do ensino e da prática nos
serviços assistenciais
(5:110).
Situação que vem se modificando atualmente, tornando
esta sistematização mais apropriada às necessidades locais.
Na década de 80 outros movimentos mexeram com a
formação dos enfermeiros, dentre eles: a realização da VIII
Conferência Nacional de Saúde, em 1986, a promulgação da
Constituição da República Federativa do Brasil, em 1988, a
aprovação da Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8080/90), já no
início da década de 80, incluindo a criação do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Ainda na década de 80 a Enfermagem brasileira
intensificou o número de cursos de graduação e de pósgraduação
no país. Com os cursos de pós-graduação
começaram a surgir às pesquisas, que levaram os enfermeiros
a repensar e criticar os modelos formadores dos profissionais
de enfermagem, à luz de referenciais teórico-metodológicos
críticos e despertando outros enfermeiros a perceberem a
Enfermagem uma prática socialmente determinada e
determinante, que não tinha mais condições de continuar às
margens de um movimento transformador vigente. Nesse
mesmo período foi aprovada a Lei n. º 7.498/86 e o Decreto n.
94.406/87, que regulamentam o exercício da profissão - depois
de quase dez anos de intensa luta. Todos esses movimentos
conduziram à nova percepção de formação dos profissionais
de enfermagem e, portanto, a uma necessidade de rever-se o
currículo.
A Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), depois
de realizar várias oficinas e seminários estaduais, regionais e
nacionais, juntamente com outras entidades da classe e
escolas de enfermagem do país, e após um longo período de
processo de ação e reflexão voltado à formulação dos currículos,
apresentou e discutiu de forma participativa uma proposta
curricular que foi encaminhada ao MEC, sendo aprovada, através
da Portaria nº 1.721, de 15 de dezembro de 1994. Porém, nesta
Portaria verificaram-se algumas alterações importantes, como
por exemplos a não inclusão das disciplinas educativas e a
ausência da assistência ao idoso, o que direcionou alguns
enfermeiros a entenderem equivocadamente que os conteúdos
relacionados ao processo de envelhecimento, idoso e velhice
fossem vistos na Saúde do Adulto.
Importante ressaltar que no documento
Preliminar de Currículo Mínimo para os Cursos de Graduação
em Enfermagem
de Especialistas de Enfermagem e da Comissão de Educação
da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), que deu
origem a Portaria nº 1.721/94, tendo como referência os
resultados dos seminários regionais e nacionais sobre
Superior de Enfermagem e Perfil e Competências do
Enfermeiro e suas Implicações no Currículo de Enfermagem
o currículo de graduação de enfermagem apresenta seis áreas
assim distribuídas: 1) fundamentação básica de enfermagem,
2) métodos e técnicas na enfermagem; 3) enfermagem na
assistência à formação e nascimento do ser humano; 4)
enfermagem na assistência à saúde da criança e do
adolescente; 5) enfermagem na assistência ao adulto e ao
idoso e aqui ficou registrado: “pretende-se que o aluno adquira
conhecimentos científicos necessários ao desenvolvimento da
assistência integral ao ser humano adulto e idoso nos diversos
níveis de atenção”
Com a aprovação pelo MEC da Portaria nº 1.721/94
algumas modificações foram realizadas apresentando as
seguintes matérias e disciplinas:
Proposta, elaborado por representantes da ComissãoEnsino,(6:9); 6) enfermagem e administração.
Bases Biológicas e Sociais da Enfermagem
25% da carga horária total do curso, formada pelas
Ciências biológicas: comportando a morfologia; fisiologia;
patologia; biologia; Ciências humanas: antropologia
filosófica; sociologia; psicologia aplicada à saúde.
, com
Fundamentos de Enfermagem
os conteúdos técnicos, metodológicos e os meios e
instrumentos de trabalho individual e coletivo,
comportando: história da enfermagem; exercício da
enfermagem; epidemiologia; bioestatística; saúde
ambiental; semiologia e semiotécnica de enfermagem;
metodologia da pesquisa.
Enfermagem
teórico-práticos, que compõem a assistência de
enfermagem individual e coletivamente voltada à criança,
adolescente e adulto, em situações: clínicas; cirúrgicas;
psiquiátricas; gineco-obstétricas; saúde coletiva.
, com 25%: incluindoAssistência de, com 35%: incluindo os conteúdos
Administração em Enfermagem
área incluem-se os conteúdos (teóricos e práticos) de
administração do processo de trabalho e da assistência
de enfermagem, priorizando hospitais gerais e
especializados, de médio porte, ambulatórios e rede
básica de serviços de saúde
, com 15%: nessa(7:73-4).
Esta proposta tem uma carga horária total de 3.500 horas
e o estágio curricular supervisionado deve durar, no mínimo,
dois semestres. Quanto ao tempo total do curso, apresenta-se
com no mínimo quatro anos (ou oito semestres letivos) e no
máximo seis anos (doze semestres letivos).
Ela trouxe algumas insatisfações sérias aos
enfermeiros, principalmente pela falta das disciplinas
educativas, desconsiderando assim a função educativa destes
profissionais, o que direcionou as escolas de enfermagem a
contemplá-las, mesmo que de forma parcial, no currículo pleno.
Outra amarra que amedrontou os enfermeiros foi o
estabelecimento dos percentuais das áreas que compõem o
novo currículo, que “configuram a lógica do controle sobre
conteúdos e formas, limitando a formação do perfil profissional
generalista, bem como as vocações das escolas, sem
considerar as características institucionais e geopolíticas nas
quais se inserem”
Em 1996, a regulamentação da LDB, nº 9.394/96, em
seu artigo 53, atribui ao MEC a competência de fixar os currículos
dos seus cursos e programas, através das Comissões de
Especialistas do Ensino de Graduação, estabelecendo as
Santos SSC.
Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 jul/ago;56(4):361-364
364
Diretrizes Curriculares Nacionais. Desta forma, a Comissão de
Especialistas de Enfermagem (CEEn), inserida na Secretaria
do Ensino Superior (SESu), do Departamento de Política de
Ensino Superior (DEPES), no Ministério da Educação, elaborou
um modelo de Enquadramento das Propostas de Diretrizes
Curriculares, que caminhou em descompasso com as
discussões realizadas nas organizações de ensino, nas
entidades de classe e defendidas pela ABEn
No final da década de 90, com a mudança na equipe
que integra a CEEE do Ministério, surgiu uma outra proposta
curricular para os cursos de graduação em enfermagem, que
corroborou os princípios curriculares elaborados pela ABEn e
dos relatórios surgidos dos Seminários Nacionais de Diretrizes
para a Educação em Enfermagem no Brasil (SENADEn),
importante acrescentar que estes Seminários surgiram a partir
da preocupação da ABEn em fortalecer o processo formativo
dos profissionais da enfermagem, tornando-se os novos fóruns
de discussão acerca do ensino de enfermagem de nível médio,
de graduação e de pós-graduação. Tais fóruns objetivam
analisar, criticamente, temáticas referentes à formação do
enfermeiro, buscando elaborar diretrizes e estratégias
delineadoras da política de educação em enfermagem no país.
Esta nova proposta direcionou-se à elaboração de um
Projeto Pedagógico que contemplasse as dimensões
necessárias à formação do enfermeiro, pautada em:
competências e habilidades, conteúdos essenciais e indicadores
de avaliação, tornando-se, após modificações estabelecidas pelo
Conselho Nacional de Educação - Câmara de Educação Superior,
a Resolução CNE/CES nº 3, de 7 de novembro de 2001 que trata
das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação
em Enfermagem - DCN
mais integrada da formação do enfermeiro, com perfil generalista,
humano, crítico e reflexivo, tendo como base o rigor científico.
As DCN objetivam dotar o profissional dos
conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes
competências e habilidades gerais:
enfatizando que a responsabilidade desta atenção não se
encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do
problema de saúde, tanto em nível individual como coletivo;
(5:122).(8).(9), que apontam para uma preocupaçãoatenção à saúde,
tomada de decisões
enfermeiro o domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira
e de tecnologias de comunicação e informação;
; comunicação, cabendo ao futuroliderança;
administração e gerenciamento
profissionais para a aptidão quanto a saber tomar iniciativa;
, preparando-se os futuros
educação permanente
a mobilidade acadêmico/profissional, a formação e a
cooperação por meio de redes nacionais e internacionais.
Nas Diretrizes os conteúdos devem contemplar as
Ciências Biológicas e da Saúde; as Ciências Humanas e
Sociais; as Ciências da Enfermagem: Fundamentos de
Enfermagem, Assistência de Enfermagem, Administração de
Enfermagem, Ensino de Enfermagem. Foram abolidos os
percentuais estabelecidos na Portaria nº 1.721/94. A organização
do curso será definida pelo seu colegiado, que pode ter como
modalidade: seriada anual, seriada semestral, sistema de
créditos ou modular.
Tal como na Portaria nº 1.721/94, as Diretrizes orientam
que nos últimos dois semestres do curso de graduação em
enfermagem realizem-se os estágios curriculares, com carga
horária total de pelo menos 20% do total do curso.
Uma inovação das Diretrizes é a introdução das
atividades complementares, com no mínimo de 200 horas para
todo o curso, sendo consideradas: disciplinas extracurriculares;
disciplinas extracurriculares, pertencentes a outros cursos da
IES ou de outra, em áreas afins; projetos de pesquisa ou
iniciação científica, orientados por docente da faculdade;
programas de extensão, sob orientação de professor da
faculdade; cursos de extensão na área de interesse dos cursos
ou de atualização cultural ou científica; monitoria no curso;
eventos diversos; presença em defesas de monografias,
dissertações ou teses do curso; cursos de idiomas; cursos na
área da computação e da informática; participação em
atividades extracurriculares de assistência ou assessoria a
populações carentes ou de baixa renda, diretamente ou por
intermédio de associações, sindicatos, ONG’s, mediante
convênio com a IES; estágios extracurriculares; participação
em programas de voluntariado; visitas orientadas e outras
atividades que a coordenação do curso achar necessária incluir.
, inclusive, estimulando e desenvolvendo
3 Considerações Finais
São muitas, as tendências e principalmente as
perspectivas vislumbradas pelas Diretrizes e uma delas estas
claras em seu Art. 10: “as Diretrizes Curriculares e o Projeto
Pedagógico devem orientar o currículo do curso de graduação
em Enfermagem para um perfil acadêmico e profissional do
egresso”
desenvolvimento das diretrizes curriculares devem orientar e
propiciar concepções curriculares ao curso de graduação em
Enfermagem que deverão ser acompanhadas e
permanentemente avaliadas, a fim de permitir os ajustes que
se fizerem necessários ao seu aperfeiçoamento.
(9), considerando-se ainda que a implantação e
Referências
1. Petraglia IC, Morin E. A educação e a complexidade do ser e do saber.
4ª ed. Petrópolis (RJ): Vozes; 2000.
2. Ministério da Saúde (BR). Fundação Serviços de Saúde Pública
.
Enfermagem: legislação e assuntos correlatos
1974. 3 v.
3. Pires D. Hegemonia médica na saúde e na enfermagem. São Paulo:
Cortez; 1989.
4. Saupe R, organizador. Educação em enfermagem. Florianópolis (SC):
UFSC; 1998.
5. Backes VMS. Estilo de pensamento e práxis na enfermagem: a
contribuição do estágio pré-profissional [tese de Doutorado em
Enfermagem]. Florianópolis (SC): Universidade Federal de Santa
Catarina; 1999. 281 f.
6. Ministério de Educação e Cultura (BR). Comissão de Especialistas de
Enfermagem. Proposta preliminar de currículo mínimo para os cursos
de graduação em enfermagem
7. Ribeiro GS, Costa SFG, Lopes MEL. Legislação de enfermagem: um
guia para o profissional e estudante de enfermagem. João Pessoa
(PB): Almeida; 1996.
8. Vale EG, Guedes MVC. A nova política de educação e suas implicações
nos cursos de graduação de enfermagem: apreciação crítica da
Associação Brasileira de Enfermagem - ABEN.
Congresso Brasileiro de Enfermagem; 1999 out 2-7; Florianópolis
(SC), Brasil. Florianópolis (SC): ABEn; 2000. 571 p. p. 370-8.
9. Ministério de Educação (BR). Conselho Nacional de Educação. Câmara
de Educação Superior. Resolução CNE/CES n.º 3, de 7 de novembro
de 2001: diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação
em enfermagem. Brasília (DF); 2001.
. 3ª ed. Rio de Janeiro;. Brasília (DF); 1989.In: Anais do 51°
Data de recebimento: 22/08/2003
Data de aprovação: 28/08/2003
Currículos de Enfermagem do Brasil...
Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 jul/ago;56(4):361-364

Nenhum comentário:

Postar um comentário